Renata Moura
Editora de economia Tribuna do Norte, 10/02/2013
O Banco do Nordeste suspendeu desde o dia 21 de janeiro novas operações de financiamento aos criadores de camarão, diante de uma taxa de inadimplência que, afirma a instituição, ultrapassa 70% no setor regional. A medida vem provocando protestos dos carcinicultores, mas, segundo o superintendente do banco no Rio Grande do Norte, João Nilton Castro Martins, foi necessária na tentativa de fazer as operações voltarem aos trilhos. “Essa taxa chamou a atenção para que o banco reanalisasse como continuar a apoiar o setor. Estamos falando de dinheiro público. Então a gente tem que administrar isso para ver por que se deu tamanha inadimplência e de forma quase que generalizada”, disse Martins, à TRIBUNA DO NORTE. Nesta entrevista, ele dá números e explica que “projetos viáveis” têm chances de ser aprovados. Acrescenta, entretanto, que as operações de crédito para o setor como um todo só devem ser retomadas com regularidade após concluído um estudo para identificar as razões do problema e possíveis soluções. O estudo está em curso, mas não há prazo para que seja concluído.
O banco confirma que suspendeu o crédito para a carcinicultura desde o dia 21 de janeiro?
O banco suspendeu temporariamente as operações.
Até quando, já que é temporariamente?
O banco está fazendo um estudo. Fechando esse estudo sobre o setor a gente já retoma a regularidade.
Um estudo sobre o que?
Veja bem, a decisão de suspensão temporária foi motivada pela inadimplência do setor. Nos últimos três anos, o banco tem apoiado o setor com mais de R$ 710 milhões no Nordeste, beneficiando 513 produtores. Entretanto, a inadimplência do setor ficou muito alta.
Ficou em torno de quanto?
Ultrapassa 70%. Setenta por cento do montante da dívida não teve o pagamento regular. E da quantidade de produtores o volume também é elevado. Mais de 60% dos produtores atendidos não pagaram em dia as prestações. Isso chamou a atenção do banco para que a gente reanalisasse como continuar a apoiar o setor. Como é o FNE [Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste] a fonte [de recursos], é um dinheiro público. Um dinheiro dos contribuintes. Então a gente tem que administrar isso para ver por que se deu tamanha inadimplência e de forma quase que generalizada.
Qual é a taxa geral de inadimplência do banco, para fazer um comparativo?
A inadimplência média da carteira global do banco, do banco todo, representa 4,8%. Está abaixo do mercadofinanceiro.
E a do setor agropecuário?
Essa [4,8%] é a média. Talvez esteja até abaixo porque há muitas ações de repactuação, de negociação [para esse setor], mas fica na mesma média.
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