quarta-feira, 30 de novembro de 2011

CIRANDA DE EXPERIÊNCIAS PERMITE INTERCÂMBIO ENTRE REGIÕES


28/11/2011

Durante a manhã de hoje (28 novembro) os participantes do Seminário Nacional de Reforma Agrária e Política Nacional de Crédito Fundiário - PNCF tiveram a oportunidade de intercambiar experiências exitosas de mobilização social para a conquista da terra, nos Estados de Pernambuco, Ceará, Espírito Santo, Tocantins, Goiás, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pará. O evento acontece no Centro de Estudo Sindical Rural - CESIR, em Brasília.


A idéia de uma ciranda de experiências surgiu da demanda de se conhecer as experiências exitosas e referenciais das cinco regiões do país e trazê-las para o seminário, para que assim os participantes pudessem intercambiar conhecimentos. “Queremos provocar o público logo no início dos trabalhos para que as discussões no painel sobre desenvolvimento rural e políticas públicas fossem enriquecidas”, explica William Clementino, secretário de Política Agrária da Contag. E tudo parece ter sido cuidadosamente planejado. Segundo ele, os painéis onde estavam expostos os materiais de apresentação foram estrategicamente pintados, de forma simbólica: “A lona preta diz respeito à realidade dos acampamentos. O verde que envolve textos e fotos lembra o movimento sindical e o vermelho a luta pela reforma agrária”.

O seminário, que acontece até amanhã, pretende aprofundar as questões ligadas à conjuntura agrária brasileira e os desafios do Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – MSTTR, governo e sociedade na construção de uma concepção para a reforma agrária no país. “O meu sentimento é de que a base e as experiências aqui apresentadas remetem a Contag para a necessidade de assumir uma postura mais dura com relação à reforma agrária”, analisa Clementino. Avaliando os resultados do evento, ele comenta que “O mais interessante é perceber que, embora o governo e a sociedade estejam frios com relação à reforma agrária, a nossa base está efervescendo, fazendo acampamentos, lutando pelo crédito fundiário, realizando ocupação de rodovias, bancos e áreas. Isso, para mim, é um recado. O objetivo prioritário da base é o acesso a terra”.

 


Dialogando através das experiências

Pernambuco apresentou dados do Crédito Fundiário / Habitação Rural nos projetos de assentamentos. A experiência deles busca potencializar os Subprojetos de Investimentos Comunitários – SIC para execução dos projetos dos produtores, apresentando alternativas para a construção, agregando parcerias e acompanhamento técnico social na construção de casas. O Estado relatou também as dificuldades com as exigências da Caixa Econômica Federal – CEF com técnicos que não consideram as nuance da realidade rural.

Já o Estado de Tocantins mostrou sua experiência com agroecologia na Escola Família Agrícola – EFA Bico e Escola de Formação de Lideranças na construção da agroecologia. O objetivo de ambas é fortalecer o movimento sindical e agroecológico no Bico do Papagaio como estratégia para garantir a permanência do agricultor (a) familiar no campo, com justiça sócio-ambiental e segurança, sucessão rural e o surgimento de novas lideranças. Querem também sensibilizar e despertar o espírito de luta para formação de novas lideranças com visão agroecológica e de classe.

O fortalecimento da organização das mulheres trabalhadoras rurais, na perspectiva do desenvolvimento da agricultura familiar foi o objetivo apontado pela experiência do Rio Grande do Norte.

Duas experiências foram apontadas pelo Espírito Santo. Uma, do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA no pré-assentamento Lírio dos Vales, no município de Ecoparanga. A outra, com o Programa Nacional de Alimentação escolar - PNAE na Associação dos Agricultores Familiares Unidos da Vila Pontões, em Afonso Cláudio.
A Paraíba apresentou sua experiência com agroecologia no Pólo Borborema com criação, formação, manejo de água para produção de alimentos, arborização, mulheres, fundos rotativos solidários e ações que envolvem jovens e crianças.

No período da tarde foram apresentadas as experiências do Ceará com o Fórum dos Assentados; Pará, com a mobilização para o acesso a terra no sudeste do Estado e Goiás, com suas audiências descentralizadas e acompanhamento dos processos de desapropriação.

Uma mesa redonda sobre Mobilização Social e a Luta pela Terra: idéias e ações em movimento, com Frei Sérgio Gorgen (MPA) Padre Dirceu Fumagali (CPT), Wiliiam Clementino (CONTAG) e Leandro Fortes (Revista Carta Capital) encerrou os trabalhos do dia.

Amanhã, último dia do seminário, acontece a apresentação dos resultados dos trabalhos em grupos e a elaboração de propostas de estratégias e ações. O encerramento está previsto para as 17h.

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