segunda-feira, 6 de junho de 2011

Contag não vai descansar até cessarem conflitos agrários no País 06/06/2011

MSTTR cobra do governo ações enérgicas para conter ações de violência contra trabalhadores (as) rurais, foram 4 assassinatos nos últimos 15 dias

Em audiência na sexta-feira (03), com o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, o MSTTR cobrou medidas efetivas para a questão dos conflitos agrários que acontecem em todo Brasil. A Contag reconhece que o governo não ficou parado diante dos últimos acontecimentos, mas cobra ações mais enérgicas e amplas para conter a onda de violência contra trabalhadores rurais.

O presidente da Contag, Alberto Broch disse ao Ministro que os últimos assassinatos são retrato do que acontece diariamente no País, e que agora repercutiram nacionalmente. “Estamos angustiados e ao mesmo tempo já estamos mobilizados para enfrentar mais essa batalha, e portanto precisamos que governo tome providências rápidas e repense a necessidade da Reforma Agrária”, cobrou Broch.

A comitiva da Contag, também foi composta por entidades parceiras como a Comissão da Pastoral da Terra (CPT), Central Única dos Trabalhadores (CUT), e Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). A coordenadora nacional da CPT, Isolete Wichinieski, disse que embora o governo tenha disponibilizado maior aparato policial nos últimos dias os casos não pararam de acontecer.

Impunidade - Para a coordenadora da CPT a polícia não intimida os criminosos porque a impunidade permanece. “O governo está em descrédito diante dessas ações”, considera Isolete, que relatou o nome de mais algumas pessoas que merecem proteção policial no norte do País.

A coordenadora da Fetagri-PA, Maria Joel Dias da Costa, que teve o marido assassinado em 2000, sente na pele essa impunidade. Ela já perdeu as contas de quantas ameaças recebeu e hoje para sobreviver depende da escolta policial.

Presidente da Fetagri-PA, Carlos Augusto Silva, o ‘Guto', disse ao ministro Gilberto Carvalho que a situação de violência que o Brasil enfrenta hoje é fruto do modelo de desenvolvimento baseado na concentração de terras adotado ao longo da história. “É fruto concentração, da grilagem, do trabalho escravo, e de uma concepção de desenvolvimento que não condiz com o desenvolvimento da agricultura familiar”, denuncia o dirigente, que entregou ao ministro um mapa da grilagem do estado do Pará com dados oficiais de cartórios e cobrou providências.

E os casos de impunidade não param por aí, no Tocantins há novos desaparecidos do embate político. O diretor de Política Agrária da Fetaet, Manoel Barbosa, relatou dois casos de violência em que nem os corpos das vítimas foram encontrados, relatou também casos de tiroteio em acampamentos, que segundo o dirigente tem acontecido com freqüência.

Para o diretor nacional do MST, Claudinei dos Santos, as ações policiais de prisão dos executores e principalmente dos mandantes dos casos de assassinatos são muito importantes, mas a situação não vai se resolver apenas com isto. “A chave para isso tudo está na reforma agrária, mas o governo ainda não se deu conta disso”, lamenta.

Depois de ouvir todos os relatos da real situação de violência em que se encontram os trabalhadores de todo Brasil, o ministro Gilberto Carvalho disse que esse problema se arrasta de outros governos. Carvalho afirma ter consciência da ausência do Estado e da entrega da terra às elites, mas que o governo está se mexendo.

O ministro enumerou algumas medidas que já foram tomadas, além da liberação de recursos para aumentar o efetivo policial, o Ministério do Desenvolvimento Agrário foi chamado para rediscutir o Programa Terra Legal. Gilberto Carvalho também sinalizou o entendimento de que o Incra precisa ser dotado de recursos para trabalhar mais ainda os assentamentos de famílias.

O ministro citou ainda o lançamento do Bolsa Verde, anunciado no Programa Brasil sem Miséria – que vai dar assistência aos assentamentos que preservarem o Meio Ambiente. Também afirmou que o programa de proteção as testemunhas não pára, e que os convênios com os estados que ainda não mantinham já foram retomados. “O desafio está colocado, vamos trabalhar forte com o Judiciário, pois o Governo também está envergonhado com essa situação”, disse.

Por fim o presidente da Contag mais uma vez cobrou a atualização dos índices de produtividade. “Não podemos continuar convivendo com essa situação, é preciso enfrentar o problema de frente, pois isso não será resolvido com paliativos e sim com ações que ataquem a sua causa”, denuncia.
 

Postado Por: Paulo José - Assessoria da FETARN

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