É com muita tristeza que a Federação dos Trabalhadores
na Agricultura do Estado do Rio Grande do Norte (FETARN) comunica o falecimento,
na manhã de ontem (19), aos 63 anos, do ex-presidente da CONTAG Manoel dos
Santos, um sertanejo fiel às suas origens, uma liderança nata, um homem que fez
da luta pelo campo a sua razão de viver.
O presidente da Fetarn, Manoel Cândido e o assessor da
presidência, Gilberto Silva estarão presentes no velório e no sepultamento que
ocorrerá na tarde de hoje (2) e na manhã de terça (21), no estado de
Pernambuco, para prestar uma última homenagem a esse grande líder.
Uma história de lutas
Em 2012, Manoel dos Santos chegou a fazer um transplante de
medula. Mas a doença teve novas complicações e em 2014 atingiu seu
momento mais crítico. Desde o último mês de fevereiro, ele vinha sendo tratado no
Hospital da Beneficência Portuguesa em São Paulo, onde veio a falecer.
Natural de Serra Talhada, Manoel da Contag, onde se notabilizou
pela defesa dos trabalhadores. Credenciado para disputar mandatos em Pernambuco,
foi votado em praticamente todos os municípios do Estado. No município em que nasceu, o prefeito Luciano
Duque, decretou luto oficial.
“Um trabalhador a serviço das lutas”, é assim que se definia
Manoel José dos Santos. Aos seis anos, já começou a trabalhar na agricultura,
onde, desde então, passou a vivenciar as dificuldades por que passam todas as
famílias sem terras no sertão pernambucano.
Agricultor familiar, casado, pai de seis filhos e avô de três
netos, começou sua luta pelo campo em 1972, quando ingressou na Ação Católica
Rural e no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Serra Talhada. A organização
sindical dos trabalhadores e das trabalhadoras, as lutas pela convivência com a
seca e pelos direitos dos atingidos pelas barragens foram bandeiras centrais na
sua permanência na direção do STR.
Manoel Santos participou do processo de construção da Central
Única dos Trabalhadores (CUT), em Pernambuco, sendo o primeiro secretário rural
dessa instituição, em 1983. Desse período, remonta sua relação com o presidente
Lula, pela construção do Partido dos Trabalhadores (PT) no estado.
Em 1990, assumiu a Secretaria Geral da Federação dos Trabalhadores
Rurais de Pernambuco (Fetape), sendo eleito presidente em 1993. Durante todo
esse período, participou das lutas dos assalariados rurais da Zona da Mata e do
Sertão do São Francisco, pela sindicalização das mulheres, além de ter
contribuído com a construção das reivindicações por políticas de convivência
com o semiárido, que teve como momento forte a ocupação da Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em 1993.
Em 1998 foi eleito presidente da Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Agricultura (Contag), participando ativamente da elaboração do
Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS) e
da formulação de políticas públicas e sociais, como Previdência Rural; Salário
Maternidade; Pronaf; Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE);
Organização do Cooperativismo Solidário; Garantia Safra; Programa Minha
Primeira Terra, para a juventude; e da elaboração de leis específicas para a
Educação do Campo; e também defendeu a necessidade de construir representações
dos trabalhadores/as rurais nos espaços político-partidários, nos níveis
estadual, municipal e federal.
Manoel Santos contribuiu ativamente na elaboração do Plano de
Governo do Presidente Lula, em 2002, e na elaboração e implantação das
principais políticas públicas para o desenvolvimento rural sustentável, nos
governos Lula e Dilma.
Manoel Santos foi o primeiro agricultor familiar, eleito na
história da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Candidato, pelo Partido dos
Trabalhadores (PT), em 2010, recebeu 42.347 votos, em 184 municípios de
Pernambuco. Nas eleições de 2014, conquistou 55.310 votos.
Perdemos um companheiro que nos ensinou que ser trabalhador e
trabalhadora rural é um grande motivo de orgulho, pois somos nós que buscamos
na terra o nosso sustento, e alimentamos o nosso país. Ele também nos ensinou a
lutar por acesso a direitos e a transformar os desafios em força.
Velório e sepultamento
Dia 20/04
14h30 - Chegada do Corpo, vindo de São Paulo e acolhida na
sede da Fetape, com uma celebração.
16h - Cortejo da Fetape até a Assembleia Legislativa - com velório durante toda a noite.
Dia 21/04
16h - Cortejo da Fetape até a Assembleia Legislativa - com velório durante toda a noite.
Dia 21/04
9h- Celebração na Assembleia
Legislativa - e saída do corpo para o Cemitério Morada da
Paz (em Paulista), para o início do processo de cremação.
Paz (em Paulista), para o início do processo de cremação.
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