segunda-feira, 20 de abril de 2015

Movimento Sindical Rural em Luto

É com muita tristeza que a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio Grande do Norte (FETARN) comunica o falecimento, na manhã de ontem (19), aos 63 anos, do ex-presidente da CONTAG Manoel dos Santos, um sertanejo fiel às suas origens, uma liderança nata, um homem que fez da luta pelo campo a sua razão de viver.

O presidente da Fetarn, Manoel Cândido e o assessor da presidência, Gilberto Silva estarão presentes no velório e no sepultamento que ocorrerá na tarde de hoje (2) e na manhã de terça (21), no estado de Pernambuco, para prestar uma última homenagem a esse grande líder.

Uma história de lutas
Em 2012, Manoel dos Santos chegou a fazer um transplante de medula.  Mas a doença teve novas complicações e em 2014 atingiu seu momento mais crítico. Desde o último mês de fevereiro, ele vinha sendo tratado no Hospital da Beneficência Portuguesa em São Paulo, onde veio a falecer.
Natural de Serra Talhada, Manoel da Contag, onde se notabilizou pela defesa dos trabalhadores. Credenciado para disputar mandatos em Pernambuco, foi votado em praticamente todos os municípios do Estado.  No município em que nasceu, o prefeito Luciano Duque, decretou luto oficial.

“Um trabalhador a serviço das lutas”, é assim que se definia Manoel José dos Santos. Aos seis anos, já começou a trabalhar na agricultura, onde, desde então, passou a vivenciar as dificuldades por que passam todas as famílias sem terras no sertão pernambucano.

Agricultor familiar, casado, pai de seis filhos e avô de três netos, começou sua luta pelo campo em 1972, quando ingressou na Ação Católica Rural e no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Serra Talhada. A organização sindical dos trabalhadores e das trabalhadoras, as lutas pela convivência com a seca e pelos direitos dos atingidos pelas barragens foram bandeiras centrais na sua permanência na direção do STR.

Manoel Santos participou do processo de construção da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em Pernambuco, sendo o primeiro secretário rural dessa instituição, em 1983. Desse período, remonta sua relação com o presidente Lula, pela construção do Partido dos Trabalhadores (PT) no estado.

Em 1990, assumiu a Secretaria Geral da Federação dos Trabalhadores Rurais de Pernambuco (Fetape), sendo eleito presidente em 1993. Durante todo esse período, participou das lutas dos assalariados rurais da Zona da Mata e do Sertão do São Francisco, pela sindicalização das mulheres, além de ter contribuído com a construção das reivindicações por políticas de convivência com o semiárido, que teve como momento forte a ocupação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em 1993.

Em 1998 foi eleito presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), participando ativamente da elaboração do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS) e da formulação de políticas públicas e sociais, como Previdência Rural; Salário Maternidade; Pronaf; Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE); Organização do Cooperativismo Solidário; Garantia Safra; Programa Minha Primeira Terra, para a juventude; e da elaboração de leis específicas para a Educação do Campo; e também defendeu a necessidade de construir representações dos trabalhadores/as rurais nos espaços político-partidários, nos níveis estadual, municipal e federal.

Manoel Santos contribuiu ativamente na elaboração do Plano de Governo do Presidente Lula, em 2002, e na elaboração e implantação das principais políticas públicas para o desenvolvimento rural sustentável, nos governos Lula e Dilma.

Manoel Santos foi o primeiro agricultor familiar, eleito na história da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Candidato, pelo Partido dos Trabalhadores (PT), em 2010, recebeu 42.347 votos, em 184 municípios de Pernambuco. Nas eleições de 2014, conquistou 55.310 votos.

Perdemos um companheiro que nos ensinou que ser trabalhador e trabalhadora rural é um grande motivo de orgulho, pois somos nós que buscamos na terra o nosso sustento, e alimentamos o nosso país. Ele também nos ensinou a lutar por acesso a direitos e a transformar os desafios em força.

Velório e sepultamento

Dia 20/04

14h30 - Chegada do Corpo, vindo de São Paulo e acolhida na sede da Fetape, com uma celebração.

16h - Cortejo da Fetape até a Assembleia Legislativa - com velório durante toda a noite.


Dia 21/04

9h- Celebração na Assembleia Legislativa - e saída do corpo para o Cemitério Morada da
Paz (em Paulista), para o início do processo de cremação.



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