A abertura da 4ª Marcha das Margaridas ocorreu ontem (16) no Parque da Cidade, transformado em Cidade das Margaridas, em Brasília. Delegações de todo o País tomaram conta do pavilhão central, numa mistura de cores e sotaques diversos. Ministros de Estado, parlamentares, representantes dos movimentos sociais, das centrais sindicais, da Contag integraram a mesa. Atrás, as 27 coordenadoras de mulheres também estavam no palco principal. O presidente da Contag, Alberto Broch, defendeu a reforma agrária, o acesso à terra e um modelo de agricultura familiar. “Fortalecer a agricultura familiar é dinamizar a economia do interior”, disse. Sobre a resposta da presidenta Dilma Roussef à pauta da Marcha, Broch espera o anúncio de medidas fortes. Iriny Lopes, ministra da Secretaria Especial de Mulheres da Presidência da República, Afonso Florence, ministro do MDA e Luiza Helena de Bairros, ministra da Igualdade Racial estiveram presentes, além do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. A secretária nacional de mulheres da Contag, Carmen Foro, começou sua fala numa referência a Leonardo Boff sobre a águia e a galinha – disse que, desde a 1ª Marcha, descobriu que as mulheres podem ser águias. Ela contou que a construção da marcha acontece há mais de um ano, e que foram muitos pastéis, panos, rifas e festas que possibilitaram a presença de plataforma política que diz respeito ao desenvolvimento sustentável do Brasil, que só pode ser alavancado com Justiça, autonomia, igualdade e liberdade. Carmen acredita que o diálogo com a presidente Dilma vai render frutos históricos, capazes de transformar a vida. E que a expectativa é de construção de agenda longa, com políticas públicas que propiciem um salto de qualidade. O anúncio do nome do teólogo e pensador Leonardo Boff rendeu muitos aplausos. E seu discurso não decepcionou. Disse que a Marcha revela mulheres protagonistas de sua história. E que essas mulheres eram antes invisíveis, mas nunca ausentes, apenas à margem, cuidando dos filhos, do marido, da casa. Boff falou da importância de o Brasil ser hoje governando por uma mulher. Ele acredita que as mulheres podem ter um cuidado maior, um olhar generoso com a política brasileira. Isso porque, além de serem mais da metade da população do Brasil e da humanidade, são mães e irmãs da outra metade. Terminou sua fala agradecido, afirmando que a vida se deve as mulheres. Elisabeth Teixeira Os cabelos grisalhos e a aparência franzina de Elisabeth Teixeira, 86 anos, enganam à primeira vista. Mas quando se aproxima do microfone e conta sua trajetória de vida, ela se agiganta. Viúva de João Pedro Teixeira, fundador e líder da Liga Camponesa de Sapé, morto em 2 de abril de 1962 num confronto sobre terra, a homenageada Elisabeth se viu com 11 filhos pequenos e o legado do marido. Na pequena Sapé, na Paraíba, ela deu continuidade à luta da liga camponesa, sendo presa inúmeras vezes pela polícia, ocasião dessas em que teve dois filhos pequenos assassinados e em que a filha mais velha cometeu suicídio. Com o golpe militar em 64, virou prisioneira do Exército durante oito meses. Sabendo que seria presa novamente pela polícia quando recebeu a liberdade dos militares, Elisabeth fugiu com um amigo para São Rafael, no Rio Grande do Norte, onde viveu por 20 anos, até o fim da ditadura, tornando-se professora alfabetizadora, apesar de ter estudado apenas até a 4ª série. Ela falou da dor de ter deixado os filhos para trás. Foi justamente o filho mais velho, Abrahão, quem buscou a mãe depois da anistia – ele havia recebido uma bolsa de estudos como reparação do governo brasileiro. Outro filho, Isaac, recebeu convite de Fidel Castro para estudar em Havana, Cuba, onde formou-se médico – atualmente, trabalha em Fortaleza. Finalmente, Elisabeth lembrou da amiga, Margarida Alves, destacando sua importância. As repentistas da Paraíba e as meninas de sinhá do aglomerado do Alto Vera Cruz, de Belo Horizonte, animaram e emocionaram a plateia e a mesa. As meninas de sinhá, grupo de senhoras, cantou de forma singular o Hino Nacional Brasileiro, acompanhado por todos. A delegação gaúcha, com cerca de 500 mulheres, esteve animada e atenta. Conforme a coordenadora de mulheres da Fetag-RS, Inque Schneider, elas serão presença forte na Marcha desta quarta. Todas estarão usando camisetas lilases com uma margarida no lado esquerdo do peito, chapéus de palha identificando as 23 regionais da Fetag, além de bandeiras e faixas alusivas aos sete eixos da 4ª Marcha das Margaridas. Além de Inque Schneider, o presidente Elton Weber, o tesoureiro-geral Sérgio de Miranda e a ex-coordenadora de mulheres, Lérida Pavanelo, acompanham a Marcha – Lérida foi mestre de cerimônias na abertura do evento. |
Fonte: Comunicação da Fetag-RS |
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
4ª edição da Marcha das Margaridas é aberta em Brasília
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