terça-feira, 31 de março de 2020

31 de março: data de denúncia e não de comemoração

FOTO: Arte: Fabricio Martins

Neste dia 31 de março completam 56 anos do golpe civil-militar que resultou na deposição do então presidente da República, João Goulart, e em 21 anos de ditadura, censura, sequestros, perseguições, tortura e assassinatos de cidadãos e cidadãs brasileiras(os). Não é uma data de “celebração”, como veio na Ordem do Dia do Ministério da Defesa, que trata a data como um “marco para a democracia brasileira”.

Na verdade, foi uma ditadura, um período de dura repressão aos movimentos populares, partidos políticos, lideranças sindicais que defendiam as reformas de base, em especial, a reforma agrária. A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) sofreu intervenção. O presidente da CONTAG nesta época, Lyndolpho Silva, e os demais diretores foram presos imediatamente, o mesmo aconteceu com outras lideranças sindicais rurais nas Federações e em nossos Sindicatos, e muitas chegaram a ser torturadas também.

Portanto, a luta dos trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares e a de outras categorias foi construída com muito sacrifício, prisões e até mortes, principalmente durante o regime militar, que agiu a mando do latifúndio e, com este, tem as mãos manchadas do sangue do povo brasileiro. Mesmo nos momentos mais difíceis, a CONTAG, as Federações e Sindicatos nunca recuaram das suas convicções políticas, permaneceram firmes no ideal de recuperar a democracia, a justiça e a liberdade cassadas. Portanto, a CONTAG sempre foi reconhecida como vanguarda no enfrentamento à ditadura e na luta pelo reestabelecimento da democracia no Brasil, e participou de importantes espaços e momentos no período da redemocratização do País, junto a outras entidades do campo democrático.

Desde quando assumiu a Presidência da República, Jair Bolsonaro determinou ao Ministério da Defesa para que os quartéis das Forças Armadas comemorem o dia 31 de março. Essa é uma medida que a CONTAG já havia se posicionado inteiramente contra em 2019 e mantém a sua posição. Essa atitude é inaceitável, é uma apologia à tortura e um desrespeito à democracia.

A CONTAG repudia tal comemoração e solidariza-se às famílias de trabalhadores(as) rurais, de lideranças e dirigentes que ainda não conseguiram saber dos seus mortos e desaparecidos durante esse período de terror instalado em nosso País. Esse capítulo nefasto da história brasileira não pode ser comemorado. Deve ser evitado!

FONTE: Diretoria da CONTAG

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