Os
agricultores familiares estão enfrentando dificuldades com a seca. Mas a
realidade se estende para as mulheres, agricultoras, apicultoras, artesãs e de
diversas outras atividades desenvolvidas no meio rural. Esse é um ponto que tem
sido discutido pelos grupos de mulheres acompanhados pelo Centro Feminista 8 de
Março.
De acordo
com Conceição Dantas, a atual realidade é a de que os pobres estão ficando mais
pobres e os ricos estão ficando mais ricos. “Acompanhamos 40 grupos de mulheres
no campo e os relatos que ouvimos são de que se uma vaca vale mil reais, em uma
época dessas, ela está sendo vendida por 200 reais, devido à urgência, à
necessidade se manter a família”, afirmou.
A
solução, segundo a feminista é que sejam implantadas políticas públicas que
venham a auxiliar as mulheres, com ações concretas. “As pessoas estão vindo do
campo para a cidade em busca de água. Se tivermos água e infraestrutura, com
ações concretas, as coisas funcionarão, pois não adianta ser contra a seca, tem
que construir políticas para se adaptar a ela”, continuou.
Essas
políticas, segundo ela, vão desde o auxílio-creche, a construção de cisternas
nas comunidades rurais, abastecimento de água nessas cisternas, programas
sociais, entre outras ações. “Temos mulheres que trabalham com beneficiamento
de polpa de frutas, apicultura, caprinocultura, artesanato, produção nos
quintais, pesqueiras, entre outras atividades. O importante é que elas
participam da renda das famílias”, destacou.
Conceição
Dantas disse ainda que, a partir dessas atividades, algumas mulheres chegam a
ter rendas maiores que a dos maridos, mas que no momento estão em situação
difícil, principalmente as que trabalham com fruticultura e apicultura. “Elas
estão se virando com programas sociais”, concluiu.
A
agricultora, coordenadora das mulheres trabalhadoras rurais do sindicato da
Lavoura de Mossoró e vice-coordenadora do grupo de mulheres da Federação dos
Trabalhadores em Agricultura no RN (FETARN), Graça Ferreira, afirmou que nos
últimos dois anos, tem havido dificuldades para as mulheres do campo. “Até projetos
como o Apoio Mulher, que é repassado pelo Incra não está sendo executado. O
projeto visa o apoio de três mil reais para o auxílio no início da produção,
seja ela qual for”, destacou.
As
mulheres, segundo Graça Ferreira, tem se destacado na agricultura com a questão
das hortaliças, inclusive com a participação na feira agroecológica, além da
fruticultura. “A feira agroecológica partiu de um projeto das mulheres
trabalhadoras rurais”, disse.
Graça
Ferreira destacou que o perfil das mulheres do campo tem mudado nos últimos
anos. “Há cerca de 20 anos, a mulher das comunidades rurais eram domésticas,
hoje elas próprias já assumiram esse perfil de trabalhadoras rurais. Essa
questão causava problemas até relacionados à aposentadoria, pois não tinham
como se identificar em alguma profissão, e hoje, algumas já são inclusive
chefes de família”, acrescentou.
Segundo
ela, ainda precisa melhorar, principalmente na questão do combate à violência,
para que elas passem a denunciar os maus-tratos. “Isso ainda é um tabu,
infelizmente, pois elas não têm coragem de denunciar, muitas não têm nem
interesse. Mas existe sim o trabalho de conscientização, para que elas possam
avançar também nesse sentido”, concluiu Graça Ferreira.
Gazeta do
Oeste
Por
Monalisa Cardoso em 08/03/2013 às 08:24
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